Amamentação, acessórios e extracção de leite materno
- Catarina de Oliveira
- 20 de out. de 2018
- 5 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2018
Começo já aqui com a questão controversa… Bombas para extrair leite materno: sim ou não? A minha opinião está completamente enviesada, porque sou apaixonada - salvo seja! - pela minha bomba. Para perceberem porquê, passo a detalhar a minha experiência (pré e pós parto) com a amamentação. Cresci a ouvir (e viver) histórias de pleno terror no que toca à amamentação. Lembro-me de ser novinha e ouvir a minha mãe chorar e gritar, fechada no quarto-de-banho, quando o leite "desceu". Vi o marido dela (acho o termo "padrasto" horrível, por isso, só me irei referir a ele como "marido da minha mãe" ou "pai da minha irmã", embora, para mim, tenha sido um verdadeiro segundo pai) desesperado, sem saber o que fazer para ajudar, e ir a correr à farmácia comprar uma bomba manual. Foi pior emenda que o soneto e acho que não estou a delirar quando digo que ela a atirou contra à porta com a frustração. Estávamos todos estarrecidos com aquele cenário de guerra. Além da minha mãe, nunca ouvi uma viva alminha dizer algo como já li em tantos sítios: "Amamentar é algo mágico, uma ligação linda com o nosso bebé" e blá blá blá pardais ao ninho. O único relato mais cru que ouvi foi de uma tia que, muito naturalmente, contava que os mamilos dela sangravam constantemente e, por isso, sempre que dava de mamar, pegava num pano e punha na boca, para poder chorar e gritar à-vontade, como se de um acto heróico digno de mártires bíblicos se tratasse. Escusado será dizer que as minhas expectativas eram, no mínimo, baixas. Sempre disse que não me apanhariam numa situação dessas. Sempre quis amamentar, mas, caso me encontrasse num sofrimento atroz, não ia forçar-me a passar por essas dores descomunais, até porque sou da opinião que, se não estivermos bem, não trataremos dos nossos filhos com a vontade e disposição que deveríamos. Já basta a recuperação pós-parto e todas as mudanças que a chegada deles acarreta. Acho que temos de nos dar um desconto e deixar um pouquinho de lado esse modelo de "super mulher" que a sociedade nos tenta impingir. Ora, quando a minha filha nasceu, já tinha comigo um kit preventivo de desgraças: purelan, mamilos de silicone da Medela, discos de amamentação da Chicco e conchas colectoras, também da Medela. Nesta altura, ainda não tinha bomba extractora, porque me tinha convencido de que seria melhor ver como as coisas correriam (arrependi-me, digo-vos já).Para quem não sabe, o purelan é o holy grail dos cremes para mamilos e, supostamente, é o único que pode ser colocado nos mamilos e que não requer lavagem dos mesmos entre as mamadas. É super hidratante e regenerante, por isso, alivia bastante se estivermos com dores/hipersensibilidade. Quanto aos mamilos de silicone, para mim, salvaram a amamentação, juntamente com a bomba (mas já lá vamos). São usados, supostamente, para quem não tem mamilos salientes/formados, no entanto, conferem uma protecção e um alívio tal, que admiro realmente quem consegue passar sem eles. A minha bebé mama desde o 2º dia de vida pelos mamilos de silicone e nunca teve gases ou má pega. Nada, de todo. Fez carita feia nas primeiras vezes, mas logo se habituou. As conchas colectoras (ou "protectores de mamilos") também são óptimas, porque evitam que andemos com as roupas todas molhadas quando estamos em modo "vacas leiteiras" (é inevitável!) e, no caso das da Medela, também permitem arejar os mamilos, porque têm uns buraquinhos em cima. Além disso, são um alívio quando usadas juntamente com o purelan: sendo tão espesso e pegajoso, ao ser usado com os discos absorventes, ficamos com a sensação de que os mamilos estão colados aos discos. Como é provável que a isso se alie uma sensibilidade extra e comichão, a experiência não é muito agradável. Acabei por colocar os discos um pouco de lado, até os aliar às conchas, para quando vazava um bocadinho de leite (acabava sempre por acontecer quando saíam do sítio ao fazer algum movimento estranho). Acho que funciona melhor dessa forma. Outro bom truque é pôr uns discos desmaquilhantes dentro das conchas, porque absorvem o leite e ele não anda lá dentro a dançaricar e, por isso, há menos probabilidade de vazar. E onde é que entra a bomba, perguntam vocês? Simples. No 3º dia após o parto, senti as mamocas a encher de leite e pensei que me dava qualquer coisinha má. Cada seio ficou maior que a cabeça da minha filha, o que, para a minha modéstia copa B, é uma grande coisa, e duro como pedra. Lá fui eu fazer chuveirinhos quentes, massagem, ordenha (ou tentativa de). Nada. Fui comprar compressas para fazer quente/frio… Nada. Umas dores insuportáveis e a bebé nem conseguia mamar tão bem, por ter os seios tão duros. Recorri, portanto, à bomba extractora de leite. Depois de uma pesquisa exaustiva, optei pela Medela Swing Maxi (eléctrica e permite extrair dos dois peitos ao mesmo tempo) e, até agora, não podia estar mais satisfeita. Faz um vácuo jeitoso e a sucção é controlada por nós. Se fizermos uma massagem ao mesmo tempo que extraímos, o peito fica logo mais mole e é um alívio dos deuses. Não optei por uma manual, porque toda a gente com quem falei me dizia horrores delas e tive aquela má experiência com a minha mãe, que relatei acima. Dizem que há risco de hiperestimulação ao extrair o leite, mas não é coisa que me chateie muito, sinceramente. Comprei uns sacos de congelação da Avent e, depois, outros
na amazon (era onde ficavam mais em conta) e comecei a fazer um stock de todo o leite "extra" que tivesse. Grande parte é usado durante a noite, quando a minha filha fica mais irrequieta e parece que nenhum leite a sacia. Dou-lhe um biberãozinho cheio e fica logo mais calma. Apesar de, como referi em cima, ter comprado a Medela Swing Maxi, cheguei à conclusão que, no meu caso, a Medela Swing daria perfeitamente conta do recado. Não sinto necessidade de extrair dos dois peitos ao mesmo tempo (acho que isso só faz sentido se comprarmos também um soutien que segure os extractores no sítio, porque, caso contrário, ficamos o tempo todo a segurá-los e a olhar para eles, a ver se está tudo direitinho). Conclusão: sou toda pró amamentação, desde que dentro dos limites do razoável (o que é sempre discutível) e sou grande adepta de acessórios que nos auxiliem a tornar esta tarefa mais fácil e prazerosa. Não tendo dores, acho que conseguimos, sim, gostar de amamentar (eu adoro!!) e passar um bom momento com os nossos rebentos. E vocês, conseguiram ter sucesso na amamentação? Qual é a vossa experiência?
Sugestões de onde comprar os produtos que referi:
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